1 – Ser mulher
A incontinência urinária de esforço é a perda involuntária de urina ao fazer atividades físicas ou esforços involuntários como tossir ou espirrar. Na mulher, a incontinência urinária é um problema de saúde pública que afeta, de forma marcada, a qualidade de vida e existe em todos os grupos etários. Nas mulheres jovens e em idade adulta a prevalência é de 20-30 %, aumentando progressivamente com a idade, podendo nas mulheres idosas atingir 30-50 %.
Para piorar, normalmente demoram entre 4 a 6 anos para procurar ajuda médica para resolver esta doença tantas vezes mal entendida e subvalorizada, sendo que, no total, apenas 10% das mulheres que sofrem de IUE procura ajuda médica especializada.
2 – Genética
Há evidência que demonstra que muitos casos de perda de suporte dos órgãos pélvicos tem a ver com a herança genética, em que o colagénio, tecido fibroso que constitui os ligamentos e fáscias de sustentação tem uma resistência menor e com os esforços, ao longo do tempo vai cedendo.
3- Gestação/Multiparidade
A gravidez e o parto estão associados ao risco de desenvolver incontinência urinária por razões que se relacionam essencialmente com lesões dos músculos, ligamentos e/ou nervos pélvicos. O risco de incontinência aumenta com o número de gestações. No entanto, o maior fator de risco parece ser o parto, sobretudo o tipo de parto. Se for por cesariana, a incontinência que se desenvolve durante a gravidez, por norma, é transitória e passa com o tempo. O parto vaginal, por sua vez, acarreta maior risco de incontinência persistente (aumenta até 15 vezes o risco de sofrer de incontinência urinária pós-parto). Este risco parece ser maior com o primeiro parto e sobretudo com partos traumáticos e complicados.
A incontinência urinária no pós-parto caracteriza-se por perdas involuntárias de urina nas mulheres que foram mães, devido a alterações do pavimento pélvico, que suporta a bexiga e controla os esfíncteres. As perdas urinárias acontecem com ações simples do dia-a-dia, como tossir, espirrar, rir ou baixar-se para apanhar um objeto.
A presença de incontinência urinária durante a gravidez ou pós-parto é um preditor de incontinência urinária no futuro, mesmo quando esta se resolve espontaneamente após este período.
4 – Obesidade
Diversos estudos mostraram que a obesidade e o excesso de peso estão associados directamente com a incontinência urinária. Acredita-se que o excesso de peso aumente a pressão abdominal durante as atividades diárias, o que promove elevação na pressão vesical e maior mobilidade da uretra e colo vesical e, consequentemente, a incontinência urinária. Em pessoas com excesso de peso e obesidade, a severidade da incontinência mostrou ser maior.
5 – Desportos de alto impacto
Nos últimos anos, o Fitness evoluiu muito e, atualmente, existe uma enorme diversidade de modalidades nos ginásios, No entanto, a anatomofisiologia da mulher não acompanhou esta evolução. A prática de exercícios de alto impacto como CrossFit, corrida, ginástica acrobática, Step, Jump (aula na qual se usa o mini-trampolim), ou até mesmo exercícios de Musculação e de Pilates mal orientados podem acarretar um grande aumento da pressão intra-abdominal e consequentemente intra-pélvica, empurrando os órgãos pélvicos para baixo e fazendo com que a mulher tenha perdas involuntárias de urina sempre que se verifica um aumento da pressão interna, seja enquanto pratica exercícios físicos, seja até mesmo quando tosse ou espirra.
A principal causa do aumento do número de mulheres jovens com IUE está precisamente na prática de actividade física mal orientada, na qual se observa a ausência de um trabalho específico para tonificar os músculos do assoalho pélvico, cuja importante função é de sustentação dos órgãos pélvicos (bexiga, útero e recto.) O que a realidade nos mostra é que a maioria dos profissionais não sabem treinar e/ou restabelecer a função do assoalho pélvico.
Soluções?
A prática de Low Pressure Fitness e alguns exercícios específicos de Pilates são grandes aliados quer na prevenção, quer como tratamento complementar de IUE.
Na incontinência urinária de esforço, sobretudo na ligeira, pode-se optar inicialmente por tratamento com exercícios que fortaleçam os músculos pélvicos. Os exercícios podem ser realizados pela própria doente ou com o auxílio de um fisioterapeuta e de técnicas específicas como biofeedback e electroestimulação.