Já deste por ti a pensar por que acumulas gordura numa determinada região do corpo e porque te custa tanto eliminá-la mesmo quando fazes dieta e exercício físico? O acúmulo de gordura localizada mostra o que estás a fazer de mais errado, mas também que tipo de susceptibiliade o teu corpo tem, que faz com que ele tenha uma predisposição para reservar gordura em determinadas zonas.
Convém, antes de mais, relembrar a que gordura atua como forma de defesa do nosso organismo contra infeções. E a necessidade de energia ou a falta dela faz o organismo entrar num modo de recuperação e de defesa, em que toda a energia que for consumida sob a forma de alimentos irá ser armazenada em vez de ser usada para gasto energético.
Quando estamos a passar por uma fase de privação de alimentos, o metabolismo adapta-se, tornando-se mais lento, de modo a proteger o bom funcionamento do organismo. Então, quer consumamos energia a mais ou a menos, a tendência natural é o organismo armazenar gordura para se proteger.
Quando consumimos energia demais, isso vai desencadear desequíbrios nos níveis de insulina, mas também ao nível do sistema nervoso central e o funcionamento metabólico do tecido gorduroso, ao ponto de te poderes tornar reservadores crónicos de energia, um efeito muito difícil de reverter. No caso de estares em restrição alimentar, o teu corpo vai reservar gordura para suprir, em algum momento, a carência alimentar pela qual está a passar.
O autor Canadiano Charles Poliquin fez estudos sobre a relação que existe entre o metabolismo e o armazenamento de gordura em determinadas áreas do nosso corpo. Os seus estudos incidiram em dobras cutâneas, método através do qual é possível medir a espessura da pele e, logo, a gordura subcutânea. Destaco de seguida as 4 áreas do corpo mais relevantes e com maior predisposição para acúmulo de gordura localizada:
1 – “Pneus” nos cantos da cintura: Resultam de um desequíbrio em relação ao consumo elevado de hidratos de carbono face ao que o organismo consegue metabolizar. Em alguns caso, pode também estar relacionado com o metabolismo da tiróide.
2 – Gordura no Triceps (músculo do “adeus”): Gordura muito sensível a alterações nos níveis das hormonas sexuais. Ou seja, se começar a haver um desequilíbrio dos níveis de testosterona, estradiol, etc. e sempre que se verificar uma maior quantidade de androgénios (hormonas sexuais masculinas), esta dobra vai diminuir. E sempre que os níveis de estrogénios (hormonas sexuais femininas) aumentarem ou os de androgénios diminuirem, ela vai aumentar a espessura.
Algumas mulheres que tomam a pílula são susceptíveis de terem um aumento da gordura nessa região corporal, ao fim de alguns meses de utilização desse método contraceptivo, consequência de um aumento significativo dos níveis de estrogénios ou de uma diminuição de androgénios.
3 – Gordura dorsal: Está relacionada com a resistência periférica à insulina, pelo que é comum em pessoas com resistência periférica à insulina, diabetes tipo II (aquela que é consequência de maus hábitos alimementares e de estilo de vida) e diabetes tipo I. porque como têm uma função de insulina aumentada, têm uma quantidade de gordura branca – que é essencialmente usada para armazenamento de energia, ao contrário da gordura castanha, que ajuda na regulação da temperatura corporal – maior.
4 – Gordura abdominal: Fica localizada à volta do umbigo e está relacionada com o stress. É uma gordura dependente de cortisol, derivada de stress metabólico por carência de energia, e está associada a pouca frequência de ingestão de alimentos ao longo do dia.
Quando ficamos muito tempo em jejum, uma das hormonas que o organismo liberta para fazer o controlo da função metabólica é o cortisol. O que faz essa hormona? Faz a degração de proteínas com vista à manutenção da energia e liberta ácido graxo na circulação sanguínea. O acúmulo de gordura nesta região, está portanto associado a pessoas que não fazem diariamente o número de refeições que deveriam, passando longas horas sem comer.
Soluções ou milagres?
A única forma de reduzir gordura numa determinada região é somente a via cirúrgica, através de lipoaspiração. É um cirurgia que elimina a gordura localizada nas coxas, barriga, etc. Acarreta riscos no decorrer da cirurgia e no pós-operatório e, no caso de o paciente não mudar os seus hábitos alimentares e de estilo de vida de forma permanente, a gordura vai continuar a ser armazenada nessa região do corpo – mas um pouco mais acima, para baixo, ou ao lado – dado que o corpo tem essa função para se proteger, como vimos no início do artigo.
Não existem estudos que comprovem que é possível reduzir gordura apenas numa determinada região do corpo usando dieta e exercício físico. Para se reduzir gordura corporal, perde-se gordura corporal como um todo.
É altamente recomendável ser seguido por um bom nutricionista, com vista a uma reeducação alimentar que se consiga levar para a vida, e por um Instrutor de Fitness certificado que faça a planificação da atividade física, com o objetivo de reduzir a massa gorda e aumentar a massa muscular.
Falando de um modo geral, o que está provado ser mais eficaz na queima de gordura corporal é uma conjugação de HIIT e musculação, adequando-se o nível de treino à condição física individual de cada pessoa, sendo ela sedentária ou treinada. Um treino com intensidade suficiente é necessário. Só vai perder gordura localizada quem melhorar a performance e promover a hipertrofia. E quanto mais intenso for o treino, maior a perda de gordura localizada.
Se precisares de aconselhamento nesta área e necessitas de planificação de treino adequado a ti, os programas #bodybynutrifit são altamente recomendáveis.
Para concluir, gostaria de passar também a seguinte mensagem: ninguém tem o corpo perfeito e não te sintas diminuída se existem coisas no teu corpo que não consegues mudar. Alguns aspetos conseguimos mudar para melhor, com tempo e consistência nas nossas rotinas de alimentação e treino, outros não e, ainda assim, devemos amar o nosso corpo acima de tudo. Somos muito mais do que isso e devemos honrar o corpo que temos.
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