A coluna vertebral constitui o pilar central do corpo, tendo como funções o suporte do tronco e a proteção do eixo de movimentação do corpo.
Existem 23 discos intervertebrais entre as vértebras, sendo eles responsáveis pela alternância entre a rigidez e elasticidade da coluna. Cada disco contém um anel fibroso, que é a parte periférica e um núcleo polposo, que é a parte central, constituída por uma substância gelatinosa composta por 88% de água, portanto hidrófila (absorve água), constituindo assim um sistema hidráulico fechado.
O disco intervertebral suporta 85% da carga de compressão axial e os processos articulares apenas 15%, sendo que dos 85% da carga absorvida pelo disco, o núcleo suporta 65% da carga de compressão axial e o anel somente 20%. Mesmo quando não suporta nenhuma carga de compressão, a pressão no centro do núcleo não deixa de existir, devido ao estado de hidrofilia. Assim, está sempre pronto a receber estímulos, até mesmo quando estamos em repouso.
A pressão intradiscal varia consoante a posição em que estamos. Se estivermos deitados de barriga para cima, a nossa coluna sofre uma pressão equivalente a 25 kg; já deitados de lado, a pressão aumenta para 75 kg. Na posição de pé, a pressão intradiscal equivale a 100 kg e aumenta consoante a nossa postura for mais incorrecta, sofrendo um agravamento para cerca de 220 kg de pressão ao levantarmos cargas com postura inadequada. Na posição sentada, se respeitarmos o alinhamento mais ergonómico e saudável para a nossa coluna, existe uma pressão intradiscal equivalente a 140 kg, que aumenta gradualmente consoante a nossa postura for mais inadequada e se agrava para cerca de 275 kg de pressão ao manipularmos cargas sentados com a postura incorrecta.
Um hérnia consiste na passagem parcial ou total de um órgão ou formação anatómica, através de um orifício patológico, fora da sua localização normal. No caso das hérnias discais lombares, normalmente têm como origem as más posturas adotadas no quotidiano, bem como o levantamento de cargas em posturas inadequadas, que colocam pressão acrescida sobre a coluna. Além da má postura, desequilíbrios musculares e possivelmente, a influência genética (veja-se o caso da hérnia de Schmorl), fatores de risco ambiental têm sido sugeridos como causadores de hérnia discal lombar, tais como conduzir, fumar, overuse, sedentarismo, além do processo natural de envelhecimento.
Existem vários tipos de hérnia, podendo a fuga do núcleo ser anterior (mais raro), ou posterior (mais frequente), sendo que 90 % se localizam na L5-S1 e L4-L5. Embora nem sempre proporcione dor, quando a hérnia discal alcança a face próxima do ligamento longitudinal posterior, as fibras nervosas entram em tensão, podendo produzir dores e radiculoalgias.
Apenas 2 a 4% dos casos de hérnia têm indicação cirúrgica e compete única e exclusivamente ao médico que acompanha a pessoa que padece de hérnia discal lombar a prescrição de tratamento a seguir, o que passa normalmente por uma abordagem conservadora, com a prescrição de medicação adequada e o recurso a Fisioterapia e eventualmente RPG – Reeducação Postural Global.
Só quando o paciente sai do quadro de dor é que pode, sempre com o aval do seu médico, começar a frequentar aulas de Pilates com um instrutor devidamente credenciado, que possa adequar os exercícios do Método à sua condição clínica. Idealmente o aluno deveria ter aulas personalizadas até atingir um estágio de domínio dos princípios básicos de Pilates, para integrar uma aula de grupo.
As primeiras aulas devem ser voltadas sobretudo para a aprendizagem da contração correta do transverso do abdómen e o multífido lombar, dividindo-se em 3 estágios:
• Cognitivo: educar a maneira correta da contração da musculatura estabilizadora;
• Associativo: aprender a manter a contração da musculatura estabilizadora ao mesmo tempo em que são realizados movimentos dos membros e do tronco;
• Automático: execução de exercícios que proporcionem desafio, realizados com cuidado para assegurar que não haja compensação.
Os objetivos principais a serem trabalhados por quem sofre de hérnia de disco lombar são:
• Estabilização da coluna;
• Dissociação coxo-femoral;
• Fortalecimento abdominal;
• Fortalecimento Paravertebrais;
• Alongamento.
Exemplos de movimentos ou posições que devem ser evitados por pacientes com hérnia de disco:
• Flexão da coluna;
• Flexão com rotação da coluna lombar, principalmente com carga;
• Retroversão pélvica, principalmente com carga;
• Fortalecimento de abdominais em retroversão.
A prática consistente de aulas do Método Pilates irá proporcionar:
• Estabilidade da coluna, resistência e força dos músculos do tronco;
• Fortalecimento dos músculos abdominais e lombares, enquanto mantêm uma boa postura e alinhamento corporal, proporcionando maior liberdade de movimentos em actividades do dia-a-dia;
• Diminuição de dores lombares devido à ativação correta da Powerhouse;
• Melhor consciência corporal que, por sua vez, proporciona uma melhor qualidade de vida.
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