“A postura humana é uma consequência da estrutura humana”, Rolf, I. (1977)
Somos dotados de um sistema automático de controlo postural, no qual as prioridades são, por ordem de importância: garantir os movimentos mantendo a estabilidade (de modo a salvaguardar as funções essenciais); suprimir dores e desconforto; e seguir a lei do menos esforço sem prejuízo das duas prioridades anteriores.
Enquanto os principais agentes intrínsecos que influenciam a postura são fisiológicos (resposta dos tecidos); biomecânicos e neuromusculares (capacidade em reconhecer a localização espacial do corpo, sua posição e orientação, a força exercida pelos músculos e a posição de cada parte do corpo em relação às demais, sem utilizar a visão), o principal agente extrínseco que, por sua vez, influencia a postura é o ambiente em que estamos inseridos.
A maioria dos defeitos posturais não estruturais são relativamente fáceis de corrigir, sendo apenas necessário identificar as causas dos problemas. A frequência de aulas de Pilates e orientações posturais aos alunos, ensinando-os a manter uma postura correcta quando estiverem em pé, sentados e em outras atividades do quotidiano, pode ajudar nesse sentido. Todavia, deformidades estruturais, onde se incluem doenças congénitas, problemas de crescimento, trauma, doença, diferença de membros, por implicarem alterações no osso, não são facilmente corrigidas sem cirurgia, mas podem ter os efeitos e sintomas atenuados com os exercícios de Pilates, orientação postural adequada, ou o uso de palmilhas.
As deformidades mais comuns da coluna são:
– Hiperlordose: é uma curvatura anterior excessiva da coluna cervical ou lombar.
– Hipercifose: é uma curvatura posterior excessiva da coluna torácica.
– Escoliose: é uma curvatura lateral da coluna. Existem diversos tipos de escolioses, que podem ser ou não estruturais.
O alinhamento postural ideal é associado a uma posição na qual um mínimo de stress é aplicado em cada articulação, possibilitando movimentos livres de dores. Permanecer por longos períodos com o corpo imóvel, seja de pé, seja sentado, pode comprometer a saúde. Hábitos sedentários, equipamentos utilizados no trabalho ou em casa – que não são os mais adequados ergonomicamente – falta de consciência corporal, fraqueza e/ou encurtamentos musculares e dores podem ser responsáveis pelos desalinhamentos posturais. Por sua vez, dores nas costas, no pescoço e tensão nos ombros estão entre os principais problemas causados pela má postura. Uma postura incorrecta pode causar stress, mal-estar, tensão nas articulações, ligamentos e músculos e, consequentemente, uma pior qualidade de vida.
Segundo Joseph Pilates, é a partir da Power House que se originam os movimentos do nosso corpo e, por esta razão, a sua activação é essencial para dar inicio a qualquer movimento no Método. A Power House é constituída pelos músculos abdominais (em especial, o transverso), do assoalho pélvico, da coluna, do diafragma, dos glúteos e pelos músculos internos das coxas. Esses músculos trabalham juntos para formar um espartilho que dá suporte ao tronco, estabilizando a coluna. Todos os exercícios de Pilates têm como ênfase o fortalecimento deste centro de força, de forma a proporcionar uma boa estabilização do tronco, permitindo que o corpo esteja em alongamento axial durante a execução de todos os exercícios.
O aumento da força do centro, por sua vez, aumenta a estabilidade da coluna vertebral, contribuindo para um melhor uso dos membros superiores e inferiores e com isso os movimentos de pernas e braços ficam livres, facilitando as atividades do quotidiano. O fortalecimento e alongamento promovem melhorias no equilíbrio e alinhamento esquelético e, consequentemente, da postura corporal e os alunos percebem as mudanças na saúde e na estética logo nas primeiras aulas.
Para se manter uma boa postura, livre de dores, a regularidade nas aulas de Pilates, um trabalho de consciência corporal e mudanças de hábitos diários são fundamentais.
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